sábado, 18 de julho de 2015

Nuvens

Da janela o céu nublado parece tirar um sarro de mim: como dizendo, sou mais forte que o sol, consigo ocultá-lo. Sei que não é verdade, por mais escuras que as nuvens pareçam: você virá. Chegarás como sempre, abrindo as janelas e as portas, renovando o ar que em casa teima em ficar borboleteando, como borboletas sem asas, incessantes, voando em círculos,  me acariciando de forma incompleta, insuficiente. Acordo e abro as janelas, desta vez de verdade. Olho para a rua, uma mulher se defende da chuva fina com um guarda-chuva cor de rosa, na outra mão puxa um amplificador de som. Onde será a festa a esta hora? -  Pergunto e ninguém me escuta, a rua agora está vazia, o céu está nublado, as nuvens cinzentas apertadas, como barreira de jogadores num campo de futebol. E você não virá.

Julho 18 11h