Da janela o céu nublado parece
tirar um sarro de mim: como dizendo, sou mais forte que o sol, consigo ocultá-lo.
Sei que não é verdade, por mais escuras que as nuvens pareçam: você virá.
Chegarás como sempre, abrindo as janelas e as portas, renovando o ar que em
casa teima em ficar borboleteando, como borboletas sem asas, incessantes,
voando em círculos, me acariciando de
forma incompleta, insuficiente. Acordo e abro as janelas, desta vez de verdade.
Olho para a rua, uma mulher se defende da chuva fina com um guarda-chuva cor de
rosa, na outra mão puxa um amplificador de som. Onde será a festa a esta hora?
- Pergunto e ninguém me escuta, a rua
agora está vazia, o céu está nublado, as nuvens cinzentas apertadas, como
barreira de jogadores num campo de futebol. E você não virá.
Julho 18 11h