quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Devaneio

O frio acabou lá fora e a vida recomeça com o calor de teus lábios. Aqueço-me, esqueço-te. Na minha cabeça, o tempo estoura, espalhando as horas que, em desordem, vou juntando e grudo nas paredes. O relógio anda para trás, pior: sem rumo, enlouquecido, quase como eu. É madrugada e escuto o barulho dos feirantes na rua ainda escura. Dormi pouco, nada e tu não estás. Não estarás mais. Como sempre, como nunca. Abraço o travesseiro de penas e tento dormir. Envolvo-me na tua pele transparente, inexistente. Por fim, adormeço, flutuo no teto branco da sala. Sinto de novo tuas mãos: pássaros rebeldes, invisíveis, invencíveis. Acordo. Abro as janelas. O sol, vestido de festa, dança anunciando a primavera.

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