terça-feira, 29 de dezembro de 2009

PELOTAS EM CHAMAS





A cidade arde. Derreto-me nas calçadas do centro, buscando um lugar onde almoçar. Saudades do frio e sua estética? Negativo. Nunca terei saudades do frio cortante e das roupas pesadas.
Deixo escorrer o suor leve pelas minhas costas, prefiro a estética do calor. Caminho devagar pela Andrade Neves, eu sinto o ar que vem da Lagoa esparzindo o calor. No céu azul: nenhuma nuvem.
E eu que pensava que conhecia todos os restaurantes de Pelotas. Descobri neste dia quente o restaurante japonês Shangay Sushi Lounge, que fica na esquina da Andrade Neves com a Major Cícero. Um lugar agradável, com bom atendimento e lindamente decorado.
Realmente faltava na cidade, pelo menos para mim, um restaurante japonês. Há alguns anos virei adorador de sushis e sashimis. Além de visitar sebos em Porto Alegre, para mim era quase religioso devorar salmão e atum cru. Sem alternativa em Pelotas, algumas vezes me arrisquei a fazer eu mesmo os sashimis. Não ficavam a mesma coisa, mas quebravam o galho.
Foi Angélika, assim com “k”, que me iniciou no ritual do peixe cru. Ensinou-me a devorar o sashimi de salmão, assim como eu devorava seus lábios. Ela era meio japonesa, meio alemã. Eu adorava vê-la comendo peixe cru. Quando você come peixe cru pela primeira vez, dá um grande impacto – falava ela - abrindo e fechando seus enormes olhos negros. Sempre pensei que ela usasse cílios postiços, mas não eram. Um dia aproveitei que ela dormia e estiquei seus cílios. Acordou brava, mas descobri que eram cílios legítimos. Ela tinha razão, a primeira vez que comi sashimi, o peixe cru impactou meu estomago e custou para descer pelo meu esôfago. Mas demorou pouco para descobrir o sabor incomparável do salmão cru, quase igual ao sabor dos lábios doces de Angélika.

PS: A foto foi tomada emprestada do site de gastronomia: http://vg.m3gweb.com/2009/11/sushi-shangay-sushi-lounge-x-luna-inti.html

domingo, 27 de dezembro de 2009

Palabras nuevas

Las palabras que yo te decía, las he ido olvidando. Algunas, como cáscaras vacías quedaron en el camino; otras, como restos de sueños enterrados en viejos cementerios. Ahora, para decirte lo mismo, busco inútilmente palabras nuevas.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Navidades

Es navidad y aún me veo sentado en la cuneta, de pantalones cortos, las rodillas raspadas de tanto jugar, el pelo largo. De lejos miro la catedral iluminada. Como es antes del terremoto, la ciudad todavía existe. Preparo mis propios regalos. De una pequeña piedra hago una bola de beisbol.
Después tus labios tiemblan. Las calles vacías son las mismas. Tus senos me sacian. Y vuelvo de nuevo al inicio de todos los tiempos. Después me pierdo en tu sombra y me despierto en tu piel. Te daré lo que me pides.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Exílio - P. Neruda

El destierro es redondo:
Un circulo, un anillo:
Le dan vuelta tus pies, cruzas la tierra,
No es tu tierra,
Te despierta la luz, y no es tu luz,
La noche llega: faltan tus estrellas,
La noche llega: faltan tus estrellas,
La noche llega…

Hallas hermanos: pero no es tu sangre.
Eres como un fantasma avergonzado

De no amar más que a los que tanto te aman,
De no amar más que a los que tanto te aman,
Tanto te aman…

Y aún es tan extraño que te falten
Las hostiles espinas de tu patria,
El ronco desamparo de tu pueblo.

Los asuntos amargos que te esperan
Y que te ladrarán desde la puerta
Y que te ladrarán desde la puerta
Desde la puerta.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Fecundidade - Augusto Monterroso

"Hoje me sinto bem, um Balzac; estou terminando esta linha."

Augusto Monterroso


Augusto Monterroso é o mestre do conto curto, da ironia e da sátira. É dele “O dinossauro”, o conto mais curto que eu conheço, de apenas sete palavras. Tito, como era conhecido carinhosamente, nasceu em 21 de dezembro de 1921 em Tegucigalpa, capital de Honduras. Aos quinze anos voltou para Guatemala. Mas ele se sentia guatemalteco. Foi por uma questão de tempo e acaso que nasceu em Honduras, mas não se sentia estrangeiro em nenhum lugar. “Da mesma forma que nasci em Tegucigalpa, a minha feliz chegada a este mundo, poderia ter acontecido na cidade de Guatemala. Questão de tempo e acaso... a partir da vitória da revolução sandinista, estive em várias oportunidades na Nicarágua, em nenhum momento passou pela minha mente que eu era um estrangeiro lá. E tenho sentido o mesmo na Costa Rica e em El Salvador”. Foi autodidata e leu os clássicos com paixão. Modesto e simples, amava as coisas, os animais e as palavras.
Desde 1944 mudou-se para o México onde escreveu a maior parte das suas obras. Foi diplomático do Governo guatemalteco de Jacobo Arbenz. Depois do golpe militar que derrubou Arbenz, Monterroso viveu no Chile. Admirador de Pablo Neruda, não conseguiu encontrar o poeta devido a sua timidez. “Pablo Neruda, de quem eu era admirador vivia no Chile enquanto eu estava lá, mas nunca me atrevi a visitá-lo” confessa Monterroso nas suas memórias. No Brasil foi traduzida sua obra “A ovelha negra e outras fábulas”. Tito morreu no México o dia 7 de fevereiro de 2003.

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O dinossauro

“Quando acordou, o dinossauro ainda estava ali”.

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O Espelho que não podia dormir

Havia uma vez um espelho de mão que quando ficava só e ninguém mais se olhava nele se sentia péssimo, como que não existia, e quiçá ele tinha razão, mas os outros espelhos debochavam dele, e quando pelas noites, eram guardados na mesma caixa do tocador dormiam tranquilamente satisfeitos, alheios à preocupação do neurótico.

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Epitáfio encontrado em el cementerio Monte Parnaso de San Blas, SB

Escribió una novela: dijeron que se creía Proust;
Escribió un cuento: dijeron que se creía Chejov;
Escribió una carta: dijeron que se creía Lord Chesterfield;
Escribió un diario: dijeron que se creía Pavese;
Escribió una despedida: dijeron que se creía Cervantes;
Dejo de escribir: dijeron que se creía Rimbaud;
Escribió un epitafio: dijeron que se creía difunto.

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El salto cualitativo

—¿No habrá una especie aparte de la humana —dijo ella enfurecida arrojando el periódico al bote de la basura— a la cual poder pasarse?
—¿Y por qué no a la humana? —dijo él.


Nube

La nube de verano es pasajera, así como las grandes pasiones son nubes de verano, o de invierno, según el caso.

La oveja negra de Augusto Monterroso

En un lejano país existió hace muchos años una Oveja negra. Fue fusilada.
Un siglo después, el rebaño arrepentido le levantó una estatua ecuestre que quedó muy bien en el parque.

Así, en lo sucesivo, cada vez que aparecían ovejas negras eran rápidamente pasadas por las armas para que las futuras generaciones de ovejas comunes y corrientes pudieran ejercitarse también en la escultura.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

El burro y la flauta - Augusto Monterroso

Tirada en el campo estaba desde hacía tiempo una Flauta que ya nadie tocaba, hasta que un día un Burro que paseaba por ahí resopló fuerte sobre ella haciéndola producir el sonido más dulce de su vida, es decir, de la vida del Burro y de la Flauta.
Incapaces de comprender lo que había pasado, pues la racionalidad no era su fuerte, y ambos creían en la racionalidad, se separaron presurosos, avergonzados de lo mejor que el uno y el otro habían hecho durante su triste existencia.