È domingo de novo. Acordei ainda escuro. Na sacada, um intruso solitário, de penas brilhantes, entoava uma doce melodia. Desci as escadas. Os moradores do prédio ainda dormiam. Carreguei no colo minha bicicleta laranja, como se fosse a mais delicada das damas. Percebi na sua impaciência quase adolescente, o desejo incontrolável por tocar o afalto com seus lábios de borrachas. Fazia um friozinho inexplicável. O verão se despede com vergonha. Implacável, o sol penetra com força entre as folhas das árvores da avenida, esquentando lenta, mas firmemente o chão. Choveu a noite anterior. Sinto o vapor se levantando do chão. Nunca imaginei que esse dia eu descobriria um pedaço de paraíso. A apenas 15 km do centro de Pelotas fica o Balneário dos Prazeres, mas que quando chove, os visitantes vingativos, chamam de Barro Duro, por causa do barro que se forma. Mas não estava chovendo, o sol brilhava intensamente. Gosto de chegar cedinho, a lagoa sempre me espera sozinha, com suas águas mansas.
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