domingo, 21 de junho de 2009

Eco




Chegou o inverno, mas hoje faz calor na cidade da contradição. Na beira da lagoa, eu divago. Vejo o tempo parar, mas é a magia do lugar que deixa as coisas paralisadas ou inanimadas. Decido caminhar no trapiche que entra sem piedade lagoa adentro. A solidão do céu refletido no espelho da água me estremece e me perturba. Um bando de patos alvoroçados rompe o silêncio, parece que eles terminaram sua missão e fazendo um caminho no céu limpo, voltam para casa.
Os bancos de cimento, que ontem abrigavam tomadores de chimarrão, estão abandonados. As figueiras parecem bêbadas de nostalgias e não é para menos, apesar do calor, não tem alma alguma, só um cachorro melancólico que deitado na areia, olha o horizonte. Uma senhora pedala com energia uma velha bicicleta, me olha, como estranhando minha presença. O tempo, que estava parado, começou a andar. Amanhece e só agora percebo que não lembro como cheguei a este lugar. Não sou eu quem agora contempla a lagoa. A dúvida que tenho sobre mim desaparece, sou uma miragem, apenas um eco do que fui. Não existo mais.

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