sábado, 28 de fevereiro de 2009

O crime perfeito


Joaquin Pasos nasceu em Granada, no dia 14 de maio de 1914. Morreu em Manágua antes de cumprir 33 anos. Ele fez parte do movimento de vanguarda que renovou a poesia na Nicarágua. Em 1945 organizou seus poemas em “Breve Suma”, publicado postumamente. Fez tradução de poesias e peças de teatro. Sua obra permanece dispersa em revistas e jornais. Ernesto Cardenal compilou seus poemas no livro “Poemas de um joven.”
Num poema, musicado por Joan Manuel Serrat, Cardenal escreve que só putas, poetas e bêbados conheceram seus versos. Mas a melhor definição de Pasos é a de Mario Benedetti, poeta e escritor Uruguaio.
Benedetti disse que se quiséssemos mostrar o perene isolamento que padecem os países latino-americanos, teríamos que nos referir ao poeta nicaragüense Joaquin Pasos.
Nas palavras de Benedetti, pouco antes de morrer, Pasos escreveu um dos poemas mais profundos surgidos na América Latina. Ele se refere ao poema “Canto de guerra das coisas”, comparável facilmente com “Sermão sobre a morte” de César Vallejos ou a “Alturas de Macchu Picchu” de Pablo Neruda; ou “Solilóquio do individuo” de Nicanor Parra. A diferença é que Pasos só é conhecido no México e na América Central. E mesmo no México, sua obra tem sido escassamente difundida.
A ironia de Pasos contra Somoza, custou-lhe algum tempo na cadeia.
É interessante que Benedetti tece um paralelo entre Joaquin Pasos e o poeta uruguaio Humberto Megget (1926-1951) que, como o nicaragüense, morreu jovem. Ele sugere que há entre os dois poetas a poderosa capacidade de transformar as coisas em imagens.
Megget nasceu em Paysandú e morreu de tuberculose em Montevidéu aos 24 anos. Morreu completamente desconhecido e nem poetas, putas e bêbados conheciam seus versos. Mas para eles, fazer um poema era planejar um crime perfeito, como escreveu Carlos Martínez Rivas, no seu “Canto fúnebre a la muerte de Joaquín Pasos” .

Nenhum comentário: