terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

PELOTAS É PLANA


Pelotas é totalmente plana e o céu se abre generoso sobre ela. É domingo de manhã. O sol amarelo anuncia um lindo dia. Cachorros se amontoam nas esquinas. Caminho devagar. Cruzo as avenidas solitárias. Na praça três cavalos magros esperam algum menino-caubói. Um velho dorme sentado na calçada. Sentados frente a frente dois jogadores de damas morrem de tédio. No café Aquário, um homem de barba branca comenta qualquer coisa sobre o jogo de futebol. Outro, de boné xadrez, olha para a mulher que passa distraída. Tomo café sozinho. Peço uma recheada de pernil. Minha favorita. Passo a vista pelas páginas do jornal na minha mesa. Nada interessante. Olho para a janela. As pessoas estão saindo das suas casas e invadem as ruas alegremente. Pelotas é como Granada. Posso me imaginar sentado num café da Calle La Calzada. Tudo se repetiria. Os mesmos personagens. Algum excêntrico fumaria cachimbo e com os olhos devoraria alguma mulher de vestido floreado. Eu tomaria um café sem recheada. Folharia o jornal sem interesse. Caminharia pelas ruas lembrando os lugares da minha infância. Contemplaria as velhas mangueiras que vigiam a rua que desemboca no lago. E sentiria o vento no meu rosto. Granada é totalmente plana. Igual a Pelotas.

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