sábado, 14 de março de 2009

“Eppur si muove!" ou os divinos absurdos da Igreja


É difícil desvendar a lógica retorcida da Igreja. No Brasil, há poucos dias, uma menina de nove anos foi estuprada. A vida da menina de nove anos estava em perigo e foi preciso interromper a gravidez. A Igreja rapidamente condenou o aborto com a excomunhão instantânea, mas não condenou o estupro contra a menina.
O estupro não é condenado porque não está contemplado nas leis da Igreja, dizem os bispos.
Mas, sem dúvida, não falta coerência aos bispos. A estratégia de erradicação da heresia continua sendo eficiente na pós-modernidade. Essa luta pela preservação dos valores cristãos é longa e sangrenta.
Para cumprir sua missão, os representantes de Deus na Terra usaram os mais terríveis instrumentos e hoje recorrem a divinos absurdos. Afinal, o fim justifica todos os meios.
Podemos pensar que a Inquisição pertence à Idade Média, mas ela se perpetua por outros meios tão absurdos como os instrumentos que usava o verdugo em nome de Deus.
A luta da Inquisição contra os avanços da ciência continua viva. As pesquisas de células-tronco são uma heresia igual à de Galileu. Não há diferença nenhuma. Apesar ou precisamente pelos avanços da ciência a Igreja recua séculos. Pior, teima em trazer de volta a noite escura.
É mais fácil decifrar o mistério da Santíssima Trindade que explicar o celibato dos padres. Mas é uma forma de tortura que não dá certo nem garante a pureza dos representantes do Reino de Deus na Terra. Como se sabe, eles rompem o celibato de forma cruel, arruinando a vida de meninos. Muitos casos tem saido a público. Quantos outros não permancem sepultados nas paredes abençoadas?
Tentar entender por que não há nenhuma bispa na Igreja ( acho que nem existe essa palavra) é um esforço inútil. É vã a tentativa de entender o sexo limitado à reprodução, negando para os outros, em clara hipocresia, o prazer que para eles reclamam em silêncio torto.
As bruxas vagueiam na pós-modernidade. E há de todas as espécies. O mesmo discurso da Igreja permance rígido apesar das mudanças profundas. No século XV europeu a conspiração das bruxas ameaçava a vida esplendorosa dos ricos. O livro mais vendido depois da Bílblia, era Malleus Maleficarum , um manual completo (o martelo das feiticeiras) para identifica-las e tortura-las.
Ao igual que os verdugos da Idade Média, o padrasto estuprador está a salvo da excomunhão. Com certeza ele não sabe que é isso, mas qualquer coisa é preferível a estar trás as grades. Afinal essa tal excomunhão não deve nem doer, não serve para nada e ele nem batizado é.

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