domingo, 22 de março de 2009

O BEISEBOL, FIDEL, PELOTAS E EU - Parte II

Como eu disse antes, Cuba tem um dos melhores times de beisebol. Os cubanos se reúnem nas esquinas, no malecón a discutir sobre o beisebol. Qualquer biografia de Fidel é incompleta se não considera o seu fanatismo pelo beisebol. Na sua juventude Fidel era apaixonado pela revolução e pelo beisebol. Jovem, Fidel recusou uma proposta de cinco mil dólares para jogar com os New York Giants, um dos melhores times dos Estados Unidos. E Fidel fez história assim também. Nenhum latino-americano tinha recusado um contrato deste tipo.
Hoje, na sua convalescência, Fidel não perde um jogo transmitido pela TV. Igual que Fidel, eu assisti o jogo entre Japão e Coréia do Sul. Segundo ele, os dois mais fortes rivais de Cuba. Japão perdia 1 x 0, mas Fidel elogia a maestria técnica dos japoneses. E explicita o desejo que seja o time japonês quem enfrente os cubanos na final. A vitória dos cubanos seria completa, vencendo o time japonês. Mas Fidel ficaria decepcionado, não só pela derrota dos cubanos, que perderam no jogo com Japão, 5 x 0. A última vez que Cuba ganhou o clássico foi em 2005. Dois integrantes da delegação cubana de 73 membros não retornaram para a Ilha. Na sua crônica esportiva de 20 de março, os chama com amargura de “pobres diabos”. E talvez o sejam. A conclusão de Fidel é simplista e culpa à ideologia capitalista, mas também ele faz uma elaborada análise dos métodos e superioridade técnica dos japoneses.
E para Fidel, como é fácil de prever, o jogo, como tudo, é político. Segundo ele, o objetivo dos organizadores dos jogos era eliminar Cuba, país que tem resistido heroicamente e que não tem sido vencido na batalha das idéias.
No seu último comentário esportivo Fidel se maravilha com os recursos técnicos da TV que faz enxergar de forma nítida até a costura da bola a uma velocidade de 100 milhas por hora ou ver de pertinho quando a bola é capturada pela luva do jogador um décimo de segundo antes ou depois que o jogador pisa a base. E realmente é fantástico.
Surpreendi-me quando descobri que aqui em Pelotas existe o Bromo, um time de beisebol, que em silencio participa em campeonatos estaduais e nacionais. Minha surpresa aumentou ao saber que o beisebol é um esporte tão antigo no Brasil como na Nicarágua ou em Cuba. Por que o beisebol não atingiu as dimensões que o futebol é um mistério para mim. Talvez porque a mídia o considera um esporte da colônia, o beisebol permanece silencioso.
O beisebol chegou ao Brasil em 1850 por “americanos” das empresas como a Light e do consulado dos Estados Unidos. No início do século XX, os jogos de beisebol no Brasil atraiam mais gente que os de futebol.
Com a chegada do navio japonês Kasato Maru, em 1908, que também trazia tacos e bolas, novo sangue veio se incorporar na torrente de entusiasmo pelo beisebol. Em 1918 já existia o primeiro time de imigrantes japoneses. Até o início da Segunda Guerra Mundial existiu uma intensa atividade de jogos organizados em campeonatos locais. A proibição da reunião de imigrantes oriundos dos países do eixo fascistas congelou os tacos e as bolas. Com o fim da Guerra, se fundou em 1946 a Federação Paulista de Beisebol. A partir desse momento se realizam muitos torneios com a participação dos trabalhadores das fazendas paulistas. Foi construído o Estádio Municipal de beisebol do Bom Retiro, segundo se sabe, foi o primeiro estádio de beisebol construído com recursos públicos na América Latina.
Segundo me parece os imigrantes japoneses são os mais entusiasmados pelo beisebol. Em Londrina existem os principais estádios de beisebol. No Rio Grande do Sul os principais times de beisebol são The Hunters de Santa Cruz do Sul, o Bromos de Pelotas e o Farrapos de Porto Alegre. Prometi a Guillermo que iríamos assistir a um jogo de beisebol ao vivo. Espero que seja aqui em Pelotas, cidade onde nasceu.

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