sábado, 18 de abril de 2009

Penélope - Joan Manuel Serrat

Penélope, com sua bolsa de pele marrom
e seus sapatos de salto
e seu vestido de domingo
Penélope, se senta em um banco da plataforma de embarque
e espera que chegue o primeiro trem,
movendo o leque.

Dizem no povo que um viajante
parou seu relógio
uma tarde de primavera,
"Adeus amor meu
não chore por mim, voltarei
antes que dos salgueiros caiam as folhas
pensa em mim, voltarei por você".

Pobre infeliz
se parou seu relógio infantil
uma tarde cinzenta de abril
quando se foi seu amante, murchou no seu horto
até a ultima flor
não há nem um salgueiro na rua Maior para Penélope.

Penélope, triste obrigada a esperar
seus olhos parecem brilhar
Se um trem apita lá longe
Penélope um trás outro, os vê passar
Olha suas caras
Os escuta falar
para ela são bonecos

Dizem no povo
Que o viajante voltou
a encontrou
no seu banco de pinheiro verde
a chamou: "Penélope minha amante fiel, minha paz
deixa já de tecer sonhos em sua mente
olha-me sou seu amor
regressei".

Ela sorriu
com os olhos cheios de ontem
não era assim sua cara
nem sua pele
"Você não é quem eu espero"
e ficou com sua bolsa de pele marrom
e seus sapatinhos de salto
sentada na estação.

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