Nesta entrevista Jorge Luis Borges parece um menino acuado, terrivelmente desolado, triste e tímido. Tropeça nas palavras. Perde-se nas frases. Sou gago – confessa. E ele é. Fica aturdido diante a tormenta de palavras do entrevistador que não o deixa falar. Parece que o entrevistador não está interessado em ouvi-lo. Que valor podem ter as palavras trêmulas que saem da boca do escritor? É isso que pensa o entrevistador. Pelo menos assim parece.
O entrevistador não o ouve e apenas se concentra na dúzia de livros sobre a mesa, na palavra escrita, nos textos limpos e perfeitos de Borges. Como um esgrimista tímido, Borges aproveita os raros intervalos que o entrevistador permite, para emitir algumas palavras, mas as poucas palavras saem da sua boca com grande dificuldade. São palavras titubeantes, afogadas, escuras, quase imperceptíveis, sem som. O Borges entrevistado é uma sombra do poderoso escritor. Depois de assistir a entrevista descobrimos um Borges profundamente mais humano e cheio de ternura, indefeso talvez.
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