sábado, 30 de maio de 2009

Frio e intolerância

O frio começa a fazer seus estragos. A intolerância também, e piores. Minha mão está congelando sobre o teclado, os dedos enrijecidos. A sensação desconfortável do frio me invade. A esta hora já tomei três xícaras de café quente. Aqueço-me apenas por um segundo. O frio é um intervalo da vida, ao menos para mim, muita gente adora frio, e em especial os poetas. Não sou poeta. Fecho as portas e janelas da minha casa. Chove. Sábado triste e desolador. Hoje não sairei de casa. Terminarei “La vida breve” de Onetti. Afinal a vida breve é. O menino cabeludo, meu filho, ainda dorme. Vida feliz.
Percorro os jornais do mundo. Leio com atenção algumas das matérias. Por fim, El Pozo, o primeiro romance de Onetti, será traduzido para o português. No Uruguai está sendo publicado “El último viernes” (A última sexta-feira), um conto inédito de Onetti, doado à biblioteca nacional pela sua filha que o guardava como um tesouro.
Na Nicarágua o mundo está de ponta-cabeça. Esta semana um grupo de estudantes impediu Sérgio Ramírez, entrar à universidade, onde apresentaria seu último livro. O escritor foi xingado e jogaram sobre ele água suja. Ironias da vida ou simplesmente intolerância. Em tempo de ditadura a universidade, com seus muros pintados, era uma ilha de liberdade. Ramírez é um escritor nicaragüense que foi vice-presidente de Ortega durante o período revolucionário (1979-1990). Hoje faz parte dos muitos dissidentes de Ortega e fundou um novo movimento.

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